O antigo Rei dos Helenos recebeu em exclusiva a ABC uma semana depois da proclamação de seu sobrinho: "Felipe é um homem muito sensível"
Constantine II da Grécia, antigo Rei dos Helenos, ocupa uma suíte no quarto andar do hotel Grande Bretagne. Não é um quarto opulento, mais tem uma das melhores vistas de Atenas. Desde a varanda pode apreciar-se a Praça da Constituição, o Parlamento e, ao fundo, a Acrópolis. Ali recebe a ABC apenas uma semana depois da proclamação de seu sobrinho, Felipe VI. "Este hotel é como sua casa", explica sua chefe de imprensa, Aliki Strongylos, antes que Sua Majestade chegue. Um andar acima se encontra o velho apartamento de Constantinos Karamanlis, o primeiro ministro que convocou o referendo que aboliu a Monarquia e deu início a terceira república helênica, em 1974.
A suíte do Grande Bretagne (propriedade de seu amigo o armador Thanasis Laskaridis) é a improvisada casa de um Rei que, aos seus 74 anos, não tem reino nem teto. Em 1994, duas décadas depois da abolição da Monarquia, o irmão de Dona Sofía teve que observar desde o exílio em Londres como o governo socialista de Andreas Papandreu revogava sua nacionalidade grega e expropriava seus pertences no país, incluindo o Palácio de Tatoi, residência privada da Família Real.
Após uma longa batalha lega, o Tribunal Supremo deste país e o Tribunal Europeu de Direitos Humanos condenaram ao Estado grego pela confiscação dos bens. O Rei Constantine chegou a um acordo econômico, mais jamais recuperou suas posses. Apesar disso, em abril do ano passado, e após quase meio século no exílio, decidiu retornar a Grécia. "Ainda não tenho casa aqui, alugo uma em Porto Jéli", declara o ex Monarca. "Certo, vou como aplaudiram a minha irmã no dia da proclamação de Felipe", pergunta para mudar de tema.
-Se sentiu muito orgulhoso com a ovação que recebeu Dona Sofía...
-Foi emocionante. Minha irmã teve que sentar-se par persuadir ao resto que deixassem de aplaudir. Foi muito dignificante, muito especial.
-Sua irmã é o membro mais popular da Família Real espanhola. Viveu momentos difíceis na Espanha?
-Não creio. Lhe custou aprender o idioma, mais além disso sempre foi uma pessoa normal, que sabe que o povo está primeiro. Sempre pôs o povo diante dela e por isso gosta. Não tem que atuar como uma rainha, tem que ser uma rainha.
-Falemos de seu retorno á Grécia. Mais de 300.000 gregos imigraram por culpa da crise. O seu é um retorno agridoce?
- Não sei as cifras. Você me disse uma cifra e não sei se é correta. Mais o povo está sofrendo e não tinha sentido que eu seguisse vivendo em Londres.
-Como o receberam?
Sem problema. Posso caminhar tranquilo pelas ruas de Atenas.
-O que dizem pela rua?
-Alguns se aproximam e me dizem que votaram contra mim no referendo que aboliu a Monarquia. Eu lhes digo que não há problema, que vivemos em um país livre. Mais, por que me dizem? Não necessito saber quem votou contra mim.
-Acredita que essa gente que votou pela república agora se arrepende?
-Creio, muitos se arrependem... Mais a estas alturas de minha vida tomo com humor.
-Como é o dia normal de um Rei deposto?
-Não tenho um minuto livre. Me interessam muitas coisas.
-Por exemplo?
-Presido o Round Square, uma organização sem fins lucrativos que promove o compromisso dos jovens, mais além dos méritos acadêmicos,com seu desenvolvimento pessoal e o de suas comunidades. Tudo se baseia nos príncipios educativos do Dr. Kurt Hahn, que fundou o primeiro colégio com esta metodologia, o Schule Schloss Salem, na Alemanha, que é onde estudou vossa Rainha Sofía.
- A Monarquia não tem armas. Os reis e as rainhas se apaixonam, e ponto.
- Mais você pertence a uma geração na que os reis só se casavam com rainhas ou princesas reais.
- Eu vi uma fotografia de minha mulhaer (a Rainha Anne-Marie) em uma revista e disse: "Quero que seja minha esposa". Disse ao meu pai: "Vou viajar até a Dinamarca para conhece-lá". Me respondeu que estava louco (risos). É difícil explicar a vantagem de que um rei se case com uma princesa. Mais olhe o exemplo de minha irmã, ela não teve que aprender a ser uma Rainha, nasceu sendo Rainha. Teve que aprender espanhol, mais ela já sabia qual é sua missão: servir ao povo.
- Que leitura faz da recente onda de abdicações?
- Casa caso é único, não se pode generalizar. Na Holanda é tradição. Pessoalmente, não sou partidário de que os reis abdiquem. A mudança deve vir quando alguém morre. Se não, os Monarcas terminam sendo como presidentes, aos que se muda segundo sua popularidade.
- Dom Juan Carlos abdicou por isso?
- Não, é diferente. O Rei encontrou o momento oportuno para a mudança. Não tenho direito de jugar sua decisão. Creio que o fez pelo bem da Espanha. E Felipe é fantástico, tem uma esposa encantadora, duas filhas muito boas e acredito que terá muito exito.
- Veremos a Rainha da Inglaterra abdicar?
- Impossível. Eles já tem sua tradição, resumida na frase: "O rei está morto, longa vida ao rei". É automático.
- As pesquisas indicam que a Monarquia espanhola não está em seu melhor momento.
- Hoje é impopular, amanhã será popular. Não se pode submeter ao sistema a pesquisas permanentes. Tem que estar ali como elemento estabilizador da sociedade. Não acredito que os espanhóis poderia beneficiar de uma república, a república não resolveria seus problemas. Votar em um chefe de Estado, a um político, não muda nada, O grande exito da Monarquia espanhola e do resto das Monarquias constitucionais é que seus chefes de Estado não são políticos e estão acima de tudo, não tomam partido por nada.
-Como é seu sobrinho Felipe?
- É um home muito sensível. Estava muito tranquilo no dia da proclamação. Será um Rei fantástico. Conhece muito bem a Espanha e está casado com uma espanhola, isso é importante. Tem duas filhas fantásticase um grande senso de humor. Isso também é muito importante.
- Na semana passada sua sobrinha Cristina, foi processa. Como se sente?
- Creio que o juiz atuou de maneira muito pouco democrática ao manter durante tanto tempo em espera o processamento de uma jovem mãe. Se é um juiz, e se acredita que há algum problema, envia a jovem ao tribunal. Mais manter alguém esperando durante quase um ano... Agora querem sentá-la diante de um jurado e um jurado decidirá.
- E como se sente a respeito?
-Não muito bem. Mais estou contente porque tudo isto chega ao seu fim.
- Acredita que é inocente?
- Acredito que é completamente inocente. Mais essa é minha opinião. Não conheço o caso detalhadamente. É uma jovem maravilhosa, uma grande mãe e uma grande esposa. Mais como te disse, este é um caso legal, um casal espanhol, e estou feliz que chegue a seu fim. Digo que o juiz atuou de maneira pouco democrática porque sua indefinição foi aproveitada pelo antimonárquicos.
- Existe alguma relação entre a abdicação de Dom Juan Carlos e este caso?
- Não acredito. Mais não posso responder a estas perguntas, não sou jornalista.
A sombra do golpe
- Passaram-se 47 anos do golpe dos coronéis. Mudaria algo?
- Não,não mudaria nada. Mais pelo que foi feito tentaria fazer melhor.
- O que diria a aqueles que o criticam por seu breve apoio a ditadura?
- Lhes diria: "Por que não tentaram vocês?". É muito fácil criticar, mais o certo que para opor-se a junta necessitava meios, e eu não tinha meios. Não pode comparar o golpe dos coronéis com o 23-F. Durante a tentativa de golpe na Espanha não houve nenhuma prisão. Na Grécia os militares arrastaram a milhões de pessoas em poucas horas. Na Espanha havia meios de comunicação. Na Grécia me deixaram exilado, sem comunicação. O Rei da Espanha pode falar ao seu povo através da televisão, eu não tive essa oportunidade.Tive que esperar que passasse o tempo e encontrar os meios para me opor. Tentei e quando não pude vencê-los me fui do país.
- É fácil cair nas comparações...
- Assim é, mais foi diferente. Após o golpe dos coronéis, Franco me disse: "Mante-se próximo dos militares". Eu responde: "Cavaleiro, um minuto. Você ganhou uma guerra civil e por isso me diz que me apoie nos militares. Mais na Grécia não houve uma guerra civil. Os militares se levantaram na metade da noite e organizaram um golpe".
- O governo grego quer privatizar o palácio de Tatoi. O que opina à respeito?
- Se o governo me tirou essa propriedade tem que saber para que a quer. O que não podem fazer é leva-la a partir de mim, um cidadão privado, e dar-la a outro cidadão privado. Espero que a convertam em um museu.
- E sua nacionalidade grega?
- Me tiraram a nacionalidade e até hoje não me devolveram. Sigo esperam, já veremos. Paciência.
- Não lhe não a nacionalidade porque não aceitam chamar-lo por um apelido?
- Não sei por que não me dão. Mais se pretendem que tenham um sobrenome, então não vamos a nenhum lugar porque minha família não tem sobrenome. Não podem inventar para mim um nome.
- Você deve ser o único ex chefe de Estado que não recebe uma pensão.
- Assim é. Se o Parlamente decide que já é hora de que me dar uma pensão, me parece bom. Mais eu não vou pedir nada.
- Sempre disse que não tem ambições políticas. Ninguém lhe propôs fazer política?
- Não tem sentido. Um rei ou ex rei não pode dirigir um partido político.A gente deve decidir se quer o não uma Monarquia, mais a Monarquia não pode estar em um partido político.
- O que me diz do caso do Rei Simeão da Bulgária?
- É um caso totalmente distinto do meu. Simeão foi Rei quando era uma criança. E acredito que, voluntariamente, quis converter-se em presidente de uma república e por questões institucionais não pode fazer. Por isso se apresentou nas eleições a Primeiro Ministro e teve muito êxito.
- A ele o chama de "Rei Republicano". Você tem algo de republicano?
- Só sou um cidadão grego. Assim é como me sinto.
- Como gostaria de passar pela história?
- É muito difícil responder isso porque ainda estou vivo. Não chegou meu final. Tentarei faze-lo o melhor possível. Minha única intenção sempre foi servir aos gregos e ainda tento.
- Se arrepende de algo?
- De milhões de coisas. Um tenta fazer o melhor possível, aprende com os erros e segue adiante. Não sou diferente de ninguém. Faria o mesmo, mais seria mais cuidadoso e menos espontâneo. E o faria tentando mas, haveria tentado explicar tudo melhor.
Fonte: abc.es
FOTOS: TREVOR ADAMS/GTRES Rei Constantine II e a Rainha Anne Marie da Grécia |
A suíte do Grande Bretagne (propriedade de seu amigo o armador Thanasis Laskaridis) é a improvisada casa de um Rei que, aos seus 74 anos, não tem reino nem teto. Em 1994, duas décadas depois da abolição da Monarquia, o irmão de Dona Sofía teve que observar desde o exílio em Londres como o governo socialista de Andreas Papandreu revogava sua nacionalidade grega e expropriava seus pertences no país, incluindo o Palácio de Tatoi, residência privada da Família Real.
Após uma longa batalha lega, o Tribunal Supremo deste país e o Tribunal Europeu de Direitos Humanos condenaram ao Estado grego pela confiscação dos bens. O Rei Constantine chegou a um acordo econômico, mais jamais recuperou suas posses. Apesar disso, em abril do ano passado, e após quase meio século no exílio, decidiu retornar a Grécia. "Ainda não tenho casa aqui, alugo uma em Porto Jéli", declara o ex Monarca. "Certo, vou como aplaudiram a minha irmã no dia da proclamação de Felipe", pergunta para mudar de tema.
-Se sentiu muito orgulhoso com a ovação que recebeu Dona Sofía...
-Foi emocionante. Minha irmã teve que sentar-se par persuadir ao resto que deixassem de aplaudir. Foi muito dignificante, muito especial.
-Sua irmã é o membro mais popular da Família Real espanhola. Viveu momentos difíceis na Espanha?
-Não creio. Lhe custou aprender o idioma, mais além disso sempre foi uma pessoa normal, que sabe que o povo está primeiro. Sempre pôs o povo diante dela e por isso gosta. Não tem que atuar como uma rainha, tem que ser uma rainha.
-Falemos de seu retorno á Grécia. Mais de 300.000 gregos imigraram por culpa da crise. O seu é um retorno agridoce?
- Não sei as cifras. Você me disse uma cifra e não sei se é correta. Mais o povo está sofrendo e não tinha sentido que eu seguisse vivendo em Londres.
-Como o receberam?
Sem problema. Posso caminhar tranquilo pelas ruas de Atenas.
-O que dizem pela rua?
-Alguns se aproximam e me dizem que votaram contra mim no referendo que aboliu a Monarquia. Eu lhes digo que não há problema, que vivemos em um país livre. Mais, por que me dizem? Não necessito saber quem votou contra mim.
-Acredita que essa gente que votou pela república agora se arrepende?
-Creio, muitos se arrependem... Mais a estas alturas de minha vida tomo com humor.
-Como é o dia normal de um Rei deposto?
-Não tenho um minuto livre. Me interessam muitas coisas.
-Por exemplo?
-Presido o Round Square, uma organização sem fins lucrativos que promove o compromisso dos jovens, mais além dos méritos acadêmicos,com seu desenvolvimento pessoal e o de suas comunidades. Tudo se baseia nos príncipios educativos do Dr. Kurt Hahn, que fundou o primeiro colégio com esta metodologia, o Schule Schloss Salem, na Alemanha, que é onde estudou vossa Rainha Sofía.
Radiografia da Coroa
- Por que a Monarquia é relevante no século XXI?
- Só é relevante se o povo assim o quer. Mais é muito pouco democrático solicitar a cada cinco ou dez anos um referendo para decidir se quer ou não uma Monarquia. Não é justo querer mudar as regras do jogo todo o tempo. O povo grego já decidiu que quer uma república e me parece bom. A Espanha é um dos países mais progressistas e democráticos do mundo, por que mudar um sistema que funciona? Os políticos respondem aos interesses de um partido; os reis, não.
- Todos os Príncipes Herdeiros da Europa se casaram com plebeias. É uma arma para modernizar o sistema?
- A Monarquia não tem armas. Os reis e as rainhas se apaixonam, e ponto.
- Mais você pertence a uma geração na que os reis só se casavam com rainhas ou princesas reais.
- Eu vi uma fotografia de minha mulhaer (a Rainha Anne-Marie) em uma revista e disse: "Quero que seja minha esposa". Disse ao meu pai: "Vou viajar até a Dinamarca para conhece-lá". Me respondeu que estava louco (risos). É difícil explicar a vantagem de que um rei se case com uma princesa. Mais olhe o exemplo de minha irmã, ela não teve que aprender a ser uma Rainha, nasceu sendo Rainha. Teve que aprender espanhol, mais ela já sabia qual é sua missão: servir ao povo.
- Que leitura faz da recente onda de abdicações?
- Casa caso é único, não se pode generalizar. Na Holanda é tradição. Pessoalmente, não sou partidário de que os reis abdiquem. A mudança deve vir quando alguém morre. Se não, os Monarcas terminam sendo como presidentes, aos que se muda segundo sua popularidade.
- Dom Juan Carlos abdicou por isso?
- Não, é diferente. O Rei encontrou o momento oportuno para a mudança. Não tenho direito de jugar sua decisão. Creio que o fez pelo bem da Espanha. E Felipe é fantástico, tem uma esposa encantadora, duas filhas muito boas e acredito que terá muito exito.
- Veremos a Rainha da Inglaterra abdicar?
- Impossível. Eles já tem sua tradição, resumida na frase: "O rei está morto, longa vida ao rei". É automático.
- As pesquisas indicam que a Monarquia espanhola não está em seu melhor momento.
- Hoje é impopular, amanhã será popular. Não se pode submeter ao sistema a pesquisas permanentes. Tem que estar ali como elemento estabilizador da sociedade. Não acredito que os espanhóis poderia beneficiar de uma república, a república não resolveria seus problemas. Votar em um chefe de Estado, a um político, não muda nada, O grande exito da Monarquia espanhola e do resto das Monarquias constitucionais é que seus chefes de Estado não são políticos e estão acima de tudo, não tomam partido por nada.
-Como é seu sobrinho Felipe?
- É um home muito sensível. Estava muito tranquilo no dia da proclamação. Será um Rei fantástico. Conhece muito bem a Espanha e está casado com uma espanhola, isso é importante. Tem duas filhas fantásticase um grande senso de humor. Isso também é muito importante.
- Na semana passada sua sobrinha Cristina, foi processa. Como se sente?
- Creio que o juiz atuou de maneira muito pouco democrática ao manter durante tanto tempo em espera o processamento de uma jovem mãe. Se é um juiz, e se acredita que há algum problema, envia a jovem ao tribunal. Mais manter alguém esperando durante quase um ano... Agora querem sentá-la diante de um jurado e um jurado decidirá.
- E como se sente a respeito?
-Não muito bem. Mais estou contente porque tudo isto chega ao seu fim.
- Acredita que é inocente?
- Acredito que é completamente inocente. Mais essa é minha opinião. Não conheço o caso detalhadamente. É uma jovem maravilhosa, uma grande mãe e uma grande esposa. Mais como te disse, este é um caso legal, um casal espanhol, e estou feliz que chegue a seu fim. Digo que o juiz atuou de maneira pouco democrática porque sua indefinição foi aproveitada pelo antimonárquicos.
- Existe alguma relação entre a abdicação de Dom Juan Carlos e este caso?
- Não acredito. Mais não posso responder a estas perguntas, não sou jornalista.
A sombra do golpe
- Passaram-se 47 anos do golpe dos coronéis. Mudaria algo?
- Não,não mudaria nada. Mais pelo que foi feito tentaria fazer melhor.
- O que diria a aqueles que o criticam por seu breve apoio a ditadura?
- Lhes diria: "Por que não tentaram vocês?". É muito fácil criticar, mais o certo que para opor-se a junta necessitava meios, e eu não tinha meios. Não pode comparar o golpe dos coronéis com o 23-F. Durante a tentativa de golpe na Espanha não houve nenhuma prisão. Na Grécia os militares arrastaram a milhões de pessoas em poucas horas. Na Espanha havia meios de comunicação. Na Grécia me deixaram exilado, sem comunicação. O Rei da Espanha pode falar ao seu povo através da televisão, eu não tive essa oportunidade.Tive que esperar que passasse o tempo e encontrar os meios para me opor. Tentei e quando não pude vencê-los me fui do país.
- É fácil cair nas comparações...
- Assim é, mais foi diferente. Após o golpe dos coronéis, Franco me disse: "Mante-se próximo dos militares". Eu responde: "Cavaleiro, um minuto. Você ganhou uma guerra civil e por isso me diz que me apoie nos militares. Mais na Grécia não houve uma guerra civil. Os militares se levantaram na metade da noite e organizaram um golpe".
- O governo grego quer privatizar o palácio de Tatoi. O que opina à respeito?
- Se o governo me tirou essa propriedade tem que saber para que a quer. O que não podem fazer é leva-la a partir de mim, um cidadão privado, e dar-la a outro cidadão privado. Espero que a convertam em um museu.
- E sua nacionalidade grega?
- Me tiraram a nacionalidade e até hoje não me devolveram. Sigo esperam, já veremos. Paciência.
- Não lhe não a nacionalidade porque não aceitam chamar-lo por um apelido?
- Não sei por que não me dão. Mais se pretendem que tenham um sobrenome, então não vamos a nenhum lugar porque minha família não tem sobrenome. Não podem inventar para mim um nome.
- Você deve ser o único ex chefe de Estado que não recebe uma pensão.
- Assim é. Se o Parlamente decide que já é hora de que me dar uma pensão, me parece bom. Mais eu não vou pedir nada.
- Sempre disse que não tem ambições políticas. Ninguém lhe propôs fazer política?
- Não tem sentido. Um rei ou ex rei não pode dirigir um partido político.A gente deve decidir se quer o não uma Monarquia, mais a Monarquia não pode estar em um partido político.
- O que me diz do caso do Rei Simeão da Bulgária?
- É um caso totalmente distinto do meu. Simeão foi Rei quando era uma criança. E acredito que, voluntariamente, quis converter-se em presidente de uma república e por questões institucionais não pode fazer. Por isso se apresentou nas eleições a Primeiro Ministro e teve muito êxito.
- A ele o chama de "Rei Republicano". Você tem algo de republicano?
- Só sou um cidadão grego. Assim é como me sinto.
- Como gostaria de passar pela história?
- É muito difícil responder isso porque ainda estou vivo. Não chegou meu final. Tentarei faze-lo o melhor possível. Minha única intenção sempre foi servir aos gregos e ainda tento.
- Se arrepende de algo?
- De milhões de coisas. Um tenta fazer o melhor possível, aprende com os erros e segue adiante. Não sou diferente de ninguém. Faria o mesmo, mais seria mais cuidadoso e menos espontâneo. E o faria tentando mas, haveria tentado explicar tudo melhor.
Fonte: abc.es
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